Senador afastado disse a colega que nunca viu fala
'tão escrota' sobre investigados na Lava Jato. Em conversa, Perrella se
explicou, disse que é 'muito agredido' pelo episódio do helicóptero. Nesta
terça, Perrella se defendeu e Aécio disse que áudio não tem relação com
investigações.
Por
G1, Brasília
Em uma conversa
gravada pela Polícia Federal, o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) reclama
ao também senador Zeze Perrella (PMDB-MG) de uma declaração "escrota"
de Perrella sobre políticos divulgada nas redes sociais e veiculada por uma rádio
de Minas Gerais. A conversa ocorreu em 13 de abril e foi gravada no âmbito da
Operação Lava Jato.
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Leia ao final desta reportagem as versões de Aécio e Perrella sobre
o episódio
No diálogo,
Aécio diz a Perrella que, ao falar sobre políticos citados na Lava Jato, o
senador do PMDB jogou "todo mundo na lama".
"Deixa eu
te falar bem rapidamente aqui. Eu acho que não preciso provar o quanto sou teu
amigo na vida, né cara? Então, vou te falar aqui como amigo, com a liberdade de
amigo. Olhe, poucas vezes eu vi uma declaração tão escrota, Zeze, como essa que
você deu hoje", disse Aécio a Perrella.
"Você, em
vez de se defender, você coloca... eu mando pra você a declaração... A não ser,
Zeze, que a sua campanha foi financiada na Lua ou pela [inaudível]. Eu acho que
é a hora de separar o joio do trigo. Tem uma bandidagem que assaltou que o
Brasil e diz que fez campanha. Como você acha você que chegou no Senado? A sua
campanha foi financiada do mesmo jeito do [inaudível]", completou o
senador.
Aécio, em
seguida, orienta Perrella: "É dizer o seguinte: 'É muito bom tudo isso
[investigações da Lava Jato]. Agora é hora de separar o joio do trigo. Quem
aqui em Minas sabe o governo que o Aécio fez, que o Anastasia fez, sabe da
correção deles. Eu acredito nisso e o tempo vai provar". Ponto!".
Na sequência do
diálogo, Aécio Neves diz a Perrella que, "numa hora difícil dessas",
eles precisam enfrentar as acusações "com firmeza". "Se nós
começarmos a nos separar, e começar cada um a achar, né, que se safa sozinho,
acabou, meu amigo", acrescentou.
Ainda no
telefonema, Aécio diz que Zeze jogou todo mundo "na lama" e ironizou
o próprio aliado. "Você jogou todo mundo na lama, né? Você nos igualou, me
jogou no campo do PT, dos picaretas todos. Como se você tivesse sido eleito,
Zeze, por uma ação divina ou financiado aí pela semente (inaudível), pela
quentinha do Alvimar. Porra! Nossa campanha foi a mesma, Zeze. Numa hora
dessas, cara, é hora de ter solidariedade", cobrou o tucano.
'Só
trafico drogas'
Ao responder
Aécio, Perrella diz que postou a declaração sobre políticos no Instagram e que
uma rádio de Belo Horizonte reproduziu a gravação, mas que, em seguida, ele,
Perrella, ligaria para a rádio para fazer uma outra declaração sobre o assunto.
"Foi a
maneira que eu encontrei, sabe Aécio, para rebater... Eles falam de mim, do
helicóptero até hoje, sabe?".
"O que
está acontecendo?", interfere Aécio, acrescentando: "Eles estão
misturando doação de campanha, e eu vou repetir, sua campanha foi como a minha,
com essa robalheira que fizeram no Brasil".
Perrella,
então, responde: "Porque eu sou muito agredido pelo negócio do helicóptero
até hoje, sabe Aécio? Eu não faço nada de errado, eu só trafico drogas".
Os dois, então, riem.
Versões
Procurada, a
assessoria de Aécio Neves divulgou a
seguinte nota: "Trata-se de conversas que não têm qualquer relação com a
investigação em curso. As campanhas do senador Aécio Neves, do senador Antonio
Anastasia e do presidente Itamar Franco ao Senado, de quem o senador Zezé Perrella
era suplente, foram feitas em absoluto respeito a legislação vigente."
Zeze
Perrella subiu à
tribuna do Senado nesta terça (30) para fazer o primeiro pronunciamento após
ter sido citado nas delações de executivos da JBS. Ele disse ser inocente e falou
sobre a conversa com Aécio.
"Há um
diálogo meu com o senador Aécio, em que ele reclamava de um vídeo que eu postei
no meu Instagram, no qual eu dizia que não estava em Lava Jato, nem em
Petrolão, nem em nada. Ele reclamou porque ele entendia, naquele momento, que
eu tinha que ser solidário a ele", afirmou o senador mineiro.
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